Com andar trôpego e lábios cerrados,
nenhum sorriso, nem mesmo no olhar,
apoiando num bordão de jacarandá,
lá ia a mãe solitária.
Seu olhar era triste e fixo no chão frio.
Resmungando ela buscava algo bem distante,
como se realmente fosse encontrá-los.
Todos partiram em busca de dias melhores,
deixando aquela que os criou nos seios, que
hoje murchos, secos nada significavam.
O corpo enrijeceu, as pernas já não ajudavam,
mas o coração batia forte até que ela chegasse
no alto da colina.
De lá, franzindo os olhos olhava longe, bem longe,
na esperança de ver um dos seus filhos.
Os dias passavam, as noites enxugavam suas lágrimas grossas e cheias de amor.
Numa manhã fria, o vento derrubava as folhas secas
e sacudia as árvores como se dissesse:
_Não vá, hoje é o seu dia.
Os querubins dançavam na colina distante,
esperavam a mãe tão solitária.
Quase se arrastando, ofegante, olhos embaçados,
ela apoiou no jacarandá amigo e firme,
deslizou seu corpo até o chão e sorriu..
Tentou levantar a cabeça e olhar mais uma vez,
mas os anjos tomaram-na nos braços,
acariciaram seu rosto e enxugaram as últimas lágrimas.
Eram lágrimas de saudades, lágrimas solitárias.
Por que os filhos esquecem as mães?