Poemas de João Domingues Maia

NÃO SÃO TEUS OLHOS
O que nos teus olhos ocultas?
Algo místico, distante?
Um tempo qualquer passado
que permanece presente?
Um dia, um ser, uma sombra?
O que há nesses olhos tão teus
que me projetam um fogo,
um mistério e uma força?
Olhos de esfinge e miragem,
Olhos de tudo e de sempre,
Olhos de sonho e viagem,
Olhos tão olhos alheios
De um outro olhar que te vê.

A ESFINGE
Devoro-te, se me desvendares.
Se não souberes, devoro-te.
Devoro-te na tentativa.
Venho-te devorando pelos séculos.
Devorar-te-ei pelos tempos.
Tu és o devorado inconsciente.
Entrega-te ao descanso.
Abandona o sonho da sobre-vivência.
Tu és o vivo devorado.
Vivo és minha sobrevivência.