“Por que estás assim,
de repente muda, arredia
como se estivestes transgredindo nas palavras?
A recuar assustada
de horizontes que não ultrapassastes.
Como quem com medo de ferir
quem não conhece a alquimia de tuas vozes
e todos os perigos das suas traduções imperfeitas.
Não,
Eu já sou um velho conhecido delas.
E já conheço de tempos a sua maresia.
– Este sal eu não vou provar.
Só para ficares tranqüila
te digo que nem nos meus maiores dias de febre
costumo acreditar em vassouras de bruxa.
E se viajo no temporal das palavras
é porque sei fazê-lo sem me perder na miragem do seu barro.
Mas navegarei sem medo de naufrágios.
Teu coração clandestino não me permite
Procurar ruídos no porão”.
Para uma galega linda, de andar de passarinho
e Cabelos brilhantes, com nome de revolução
(Anne Karenine), na vida de quem entrar.