Dirce

Dir-se-ia que Dirce ia
À missa, talvez ao supermercado,
Rebolando como que a bailar.
Ao baile é que não ia, pois ainda era dia.
Decerto ia à feira, com esse ar de freira
A um passo de abandonar o casto.
Ia lançar o laço, oferecer uma pista,
Atirar a isca, pois seria fácil.
Ia para machucar, queria ver sangrar.
Queria frustrar.
Ia com sua beleza sádica,
De quem nos apaixona e quando percebe
Que estamos trêmulos e ardemos em febre,
Faz-nos embriagar, e ressonar,
Para, sorrateiramente, no espelho,
Deixar-nos afixado um bilhete:
“Adeus, meu velho!”