Atravesso de carro a cidade,
e inúmeras coisas me vem à mente;
como segurar a maldade
e livrar-me da sina demente.
Procuro, mas não encontro saída
nas ruas, nos templos, esquinas, a pé;
qual valor eu dou a uma vida,
algo mais ou menos que um “qualé?”.
Esperava por noites clementes,
noites de fogo, dor intensa;
sendo que alva é a voz do contente,
e sentido, não sente, não pensa.
Bendito és tú, manso homem,
que no peito tens coração;
maldito aquele que se entrega
a uma vida sem paixão.
Mas qual homem frio e sincero,
não sou mais um poeta vazio;
sou homem, e disso me calo.
Sou apenas um grande retrato,
frio, duro, contrito escarrado,
da mais dura solidão.