Hoje vi que o que vejo
não vai além do corpo que me veste
e que me mostra o espelho.
Minha persona se deita
em terra e cinzas.
Gorjeia uma palavra de passado:
a memória é disco
e eu sou a agulha.
Meu pranto de noite
lava a terra do dia,
mas não encontra o oportuno.
Sou minha própria vigia.
Cansei de ser a luva,
quero viver como mão!
Meu pulso marca o langor das horas.
Meus minutos são árvores que crescem
no deserto dos relógios.