Esse Doce Encanto

Há tempos o escrever não povoa
Minhas belas madrugadas
A mão mágica e plena da poesia
Não tem beijado minha face
Talvez porque o embriagado som da alma
Tenha emudecido para deixar as notas
Da vida ecoar
Mas os olhos fixos e profundos
Da pessoa admirada
Tem fixado os meus
Mesmo em simples segundos
Alcançando através de meus olhos
A alma fatigada
O desejo desenfreado de transformar
Papel branco em sentimentos
Silêncio em música
O entardecer em luzes cintilantes
Tornando o poeta tímido escondido no âmago
Em bravo guerreiro das palavras
Clamando aos sete cantos
Que me deixe ver mais uma vez
Os cabelos negros como o escurecer da relva
Os olhos de gueixa
cujo mistério não consigo desvendar
Mas temo …
A razão me faz temer
Pois as palavras são traiçoeiras
Quando ditas em vão
De maneira errada, incorreta, inoportuna
Quero dizer tudo o que o silêncio esconde
E quando o palco escurecer
Quero ser o simples escultor
Iluminado pela luz fria
Mas cercado pela atenção
Daquela que me encantou pelo olhar …