Uma Promessa

“Meus rascunhos te ofereço
janela aberta com cheiro de café fresco
– Entra e senta
Encanta-me e aguarda o trem chegar na estação
Enquanto ele não vem, falo-te e dou atenção
Meus livros, minha música, uma afago de minhas mãos
Repita a oração, celebre o rosário ás seis da tarde
Santa Rita vai nos proteger
Pegue a medalha,
Pegue o trem
Pegue o seu destino e faça com que essa vida valha
Na mesa, o café, o bolo, o leite
Eu
E o sonho que não se pode esquecer
No retorno, toma conta de mim,
Toma o café
Toma-me.
Corra! O trem já parte!
No aceno, uma lágrima, um medo,
Saudade…
Numa nuvem que passa
O outono…
O céu cinza emoldurando a sensualidade daquela criança amulheirada
O rio correndo em direção contrária
Volta!
Aquece o leite, põe a mesa, perfuma-te e espera além madrugada
Oxalá, num Domingo chuvoso
Na porta, molhado e magro
Apaixonado, ele esteja
Que ele sente-se á mesa
Farte-se de seu pão
Embebede-se de seu leite
E que o trem parta!
Feche a porta!
Devota de Santa Rita, prometida a Santa Marta
Jovem criança
Que o trem parta!
E encontre o pecado entre cada conta do rosário
Criatura pura e casta.”