Do outro lado da rua
Vi seus olhos mudos
Seus lábio cegos
Suas mãos bondosas
Corri para ver você
Mas foges de mim
Corre desvairada sem rumo
Na fuga eterna
De se conhecer e dedilhar
A vida como quem não precisa
Deixar de louvar
Um novo sorriso
Rasgo seus escritos
As palavras perdidas
Encontraram novo abrigo
A cárcere privada
De janelas e portas
Minha mente
O consciente
Meu viver
Revendo sua corrida
O encontro com a verdade
Que apenas fere
De leve
Escuto o piano a tocar
Distante como um olhar
O dedilhado suave
Como um sonho
Me faz murmurar
Acompanhar a melodia
Apenas um sussurro
Mas que toma conta
Do concentrar
O magnata do som
Conversa comigo
Mas suas palavras …
Não sei entender
Seja minha partitura
Olhos perdidos
Fuja da opinião
Sincero perdão
Desprezar irá
Mas o meu semblante
Um sorriso possui
Como um fantasma vou estar
Para sempre
Com um fantasma
Vou batalhar
Sangrentos duelos
Serão travados
Apenas espadas em punho
E a lágrima a jorrar
Com apenas o sonoro
Combate da imaginação
Com o som no fim
Da apresentação
Baixa vem a polca
Selar os túmulos
Com terra e
Saudade
Brota a flor
A rosa
Vermelha
Como a confusão
Da cabeça frouxa
A cair sobre o piano
Apenas o som turvo
Das teclas pressionadas
Não mais a composição
A esperança se foi
Só espero o fim
Do concerto
Que entrem os atores
Que saiam os fanfarrões
Os charlatões
Que enganam e
Não sentem
Produzem sons
Mas não criam
Adoram mas não lutam
Recebem mas não doam
Olhar de cima do monte
Audacioso rapaz
Singelo jovem
Olhar compenetrado
Fixo no destino
Voltar para o início
Difícil se torna
Quando sabemos
Alternativas
Para fazer diferente o destino
Rasgar as decisões
Corrigir os erros
Encontrar a verdade
Enterrar a vergonha
Só no final
Sinto falta
As vezes desdenho
Porém dramatizo
Moça dos lábios cegos
Cegue meus olhos
Me ensine a bailar
Sei que adoramos
Escutar a verdade
Já que a única conclusão
Vou deixar no ar
Todos que amam
Sabem chorar?