Soneto Do Amor Perpétuo

Temo-nos um ao outro não pelas carências do agora,
Somos jovens, e firmes são nossos passos.
Temo-nos, sim, por aquelas que o amanhã elabora:
Privações insólitas, precisões agônicas, risos escassos.
Antítese da carne, nosso amor tornar-se-á:
Quanto mais flácida a fizerem os crepúsculos,
Ainda mais amor haverá de lhe sustentar,
Revigorando perenemente nossos músculos.
E quando nossas retinas, ao percebê-las,
Mal alcançarem a luz das estrelas,
Vingará a fulgurosa chama viva do amor.
Nossos olhos, no recôndito mais fundo,
Verão prosseguirmos um caminho fecundo,
Idílico, tomados de alegria e esplendor.