O Retorno do Rio

Para que medir as longas linhas brancas,
que as nuvens soltam,
se elas costuram com tamanho certo,
as rachas do solo,
e em lençóis de águas,
o rio renasce?

Parto da natureza se espera,
e canoas esperam nas margens,
amarradas aos troncos das árvores nuas,
e no emaranhado de cipós,
a garça cinzenta já limpa as penas.
Se faz festa também,
e meninas correm, lavam seus corpos;
meninos, seguem,
olhando, tropeçando.
Roupas penduradas balançam
em esqueletos de velhos troncos.
Visitas incansáveis,
pisadas se amontoam
entre as casas e o novo rio,
caminhos se abrem,
pois o rio menino, cresce apressadamente,
e como sua primeira arte,
pinta aquela vida de verde.