Poema Que Precisa Ser Liberto

Um só sentido solto
vacila errante
neste meu aparato orgânico.
Ora hesita, ora estremece, ora sucumbe…
…e vê-la é assim um sofrimento:
distende e contrai músculos,
entumece e desidrata,
corruga e amacia,
preme e liberta,
troa e cochila,
soluça e canta,
ofusca e cega.
Este meu sentido único
policiente
fonte
fala
apenas isso.

Ainda outro prisioneiro:
Olhos soabertos
Olhos que vagam pelo ar
a não me dizer aonde vão
vagam e luzem
lustrando a tudo quanto ocupam
sem massa, sem peso
Olhos de olhares vastos e largos
que contundem
compulsam
são os olhos teus
amada minha
nesta hora
em que te busco e te quero tocar
e apenas tenho teus olhares
que brilham por trás do vidro gordo.
Mas sofro:
teus olhares
quando encontram a minha busca
fecham-se em acalanto para soabrir em mansidão.